'Foi um erro, uma falha humana de uma estagiária', disse secretária.
Idosa morreu após ter café com leite aplicado na veia dela.
Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (18), a médica Patrícia Carvalho Coelho, secretária de Saúde do município de São de Meriti, na Baixada Fluminense, atribuiu a morte de Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos, no Posto de Atendimento Médico (PAM) da cidade no último dia 10, em consequência de ter café com leite aplicado na veia, à estagiária que fez o procedimento.
“Foi um fato isolado. Foi um erro, uma falha humana de uma estagiária”, disse a secretária.
Patrícia Coelho informou que a sindicância aberta para apurar a morte da idosa ainda está em fase de apuração, sem previsão para ser concluída. Ela informou que não teve acesso ao inquérito policial, onde, em depoimento, a estagiária de enfermagem Rejane Moreira Telles, de 23 anos, afirmou que uma técnica de enfermagem do PAM, que ordenou o procedimento, não teria acompanhado a aplicação.
“A estagiária diz que recebeu uma ordem de uma técnica de enfermagem do PAM, que teria dito o seguinte: ‘Dá o leite para a paciente na sonda. Pega uma seringa naquele armário e administra o leite.’ Enquanto isso, segundo a estagiária, a técnica ficou usando o celular, jogando ou brincando, sentada em um canto da sala”, afirmou o delegado Alexandre Ziehe, titular da 64ª DP (São João de Meriti). Patrícia Coelho afirmou que a sindicância analisa o procedimento da técnica de enfermagem. “Claro que se isso aconteceu, houve um erro, e grave. Uma técnica de enfermagem não pode passar, nunca, um procedimento dela para uma estagiária”, disse a secretária.
Cerca de 30 estagiários são afastados
Entretanto, segundo a secretária de Saúde, a estagiária deveria, obrigatoriamente, estar acompanhada do supervisor do Centro Educacional Victor e Wladimir (Ceviw), onde Rejane estuda. “O auxílio dos técnicos de enfermagem do PAM aos estagiários do Ceviw não faz parte do convênio firmado entre a prefeitura e o centro educacional”, enfatizou Patrícia Coelho.
Entretanto, segundo a secretária de Saúde, a estagiária deveria, obrigatoriamente, estar acompanhada do supervisor do Centro Educacional Victor e Wladimir (Ceviw), onde Rejane estuda. “O auxílio dos técnicos de enfermagem do PAM aos estagiários do Ceviw não faz parte do convênio firmado entre a prefeitura e o centro educacional”, enfatizou Patrícia Coelho.
Patrícia Coelho informou também que cerca de 30 estagiários de enfermagem, de três escolas conveniadas ao PAM, foram afastados. Duas supervisoras e duas técnicas de enfermagem, que estavam de plantão no PAM no dia em que a idosa morreu, foram exoneradas. E a coordenadora de enfermagem do PAM está afastada das funções até o término da sindicância.
Ao final da coletiva, a secretária de Saúde de Meriti afirmou que não constava do prontuário de Palmerina a previsão de alta. Já segundo familiares da idosa morta, Palmerina tinha alta prevista para segunda-feira (15), um dia após o domingo em que ela morreu.
Aplausos no enterro
Palmerina foi enterrada na manhã desta terça (16) no Cemitério Vila Rosali, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, sob aplausos de amigos e parentes. Ela deixou 16 filhos, 30 netos e 12 bisnetos.
Palmerina foi enterrada na manhã desta terça (16) no Cemitério Vila Rosali, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, sob aplausos de amigos e parentes. Ela deixou 16 filhos, 30 netos e 12 bisnetos.
Revoltados, familiares e amigos não se conformam com o atestado de óbito, que não específica a causa da morte da idosa, ocorrida no último domingo, no Posto de Atendimento Médico (PAM) de São João de Meriti. A filha Zilma Ribeiro, que é agente de saúde no Rio, exibiu o documento onde aparecem como causadores da morte de Palmerina infecção urinária, infecção pulmonar e uma doença não identificada.
"Que doença é essa que aparece como XXX, no atestado? Isso é um absurdo. Minha mãe estava prestes a deixar o hospital. Já estava com o pulmão limpo e a urina límpida. Estava só terminando a sequência do antibiótico para ir para casa", reclamou a filha, que confundiu os símbolos usados para finalizar a frase do atestado de óbito com a falta de uma explicação sobre a doença declarada no documento.
Parentes suspeitam ainda que, além da aplicação de café com leite na veia, Palmerina tenha sido vítima de excesso de medicamentos. Zilma contou que a diretora do PAM teria informado que tinham aplicado na paciente uma determinada substância para tentar reverter os danos causados pela injeção errada.
"Esse medicamento, segundo a médica, não era o ideal. Ele foi aplicado. Mas logo depois, ela disse que tinha encontrado um outro medicamento mais indicado e que ele tinha sido injetado na minha mãe. Se isso aconteceu, minha mãe pode ter morrido por excesso de medicação", disse Zilma.
A filha Loreni, que estava com Palmerina no hospital, diz que viu tudo e não se conforma com o descaso dos responsáveis do posto de saúde.
"Não tenho dúvidas de que era café com leite, que a estagiária injetou na minha mãe. Enquanto tiver olhos para ver e boca para falar vou dizer isso. Foi mais de meio copo de café com leite. Os médicos já reconhecem que houve erro, mas o atestado de óbito não mostra nada", disse Loreni indignada.
Fonte: www.g1.com
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