R$ 15,2 milhões teriam entrado em empresa que é sócia de presidente da CBF e representada pelo seu irmão
O Domingo Espetacular revela denúncias contra uma das
autoridades mais poderosas do país. US$ 9,5 milhões, quase R$ 16
milhões. Dinheiro que teria sido usado para subornar Ricardo Teixeira, o
homem mais poderoso do futebol brasileiro.
Um documento mostra que a empresa acusada de receber a propina é sócia
do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) até hoje. O Domingo Espetacular
teve contato com os dois jornalistas que fizeram a denúncia: Andrew
Jennings, da BBC de Londres, e François Tanda, um dos principais
repórteres da Suíça. Os dois jornalistas investigativos são os autores
das reportagens que causaram um escândalo na entidade que comanda o
futebol, a Fifa.
Jennings e Tanda tiveram acesso a documentos sigilosos que mostram o
envolvimento de alguns dos dirigentes da Fifa num esquema milionário de
propinas. Ricardo Teixeira seria um deles.
Informações que comprometem o presidente da CBF estão em um prédio, na
cidade suíça de Zug. É uma investigação do Ministério Público suíço.
Graças a uma manobra dos advogados da Fifa os documentos estão
bloqueados para a imprensa. Mas esses jornalistas viram a lista de
pagamentos secretos. Segundo eles, os subornos chegam a US$ 100 milhões,
quase R$ 200 milhões.
O dinheiro teria sido distribuído nos anos 1990 por uma empresa de
marketing esportivo, a ISL. Segundo a investigação, a ISL pagava propina
aos cartolas da Fifa. Em troca, os cartolas davam à ISL o controle dos
direitos de transmissão e dos contratos de patrocínio das Copas do
Mundo.
Segundo
a BBC, um dos cartolas subornados é João Havelange, que presidiu a Fifa
por mais de duas décadas. Outro é Ricardo Teixeira, genro de Havelange e
presidente da CBF há 22 anos. Segundo a reportagem da BBC de Londres,
Ricardo Teixeira e João Havelange tiveram que devolver parte do dinheiro
da propina depois de um acordo com autoridades suíças.
Ricardo Teixeira receberia propina por meio da empresa Sanud, que tem
sede em um pequeno país da Europa, o principado de Lichtenstein.
Esta semana o Domingo Espetacular teve acesso a dados que
revelam quanto e quando Ricardo Teixeira teria recebido esse dinheiro.
Foram 21 depósitos feitos pela ISL à Sanud durante cinco anos. O
primeiro pagamento foi de US$ 1 milhão, no dia 10 de agosto de 1992. Um
documento mostra que um mês depois desse pagamento a Sanud se tornou
sócia de uma empresa de Ricardo Teixeira no Rio de Janeiro, a RLJ.
O segundo depósito, novamente de US$ 1 milhão, teria sido em feveiro de
1993. Há vários registros de dois pagamentos no mesmo dia - por exemplo,
US$ 500 mil em maio de 1995. Os dois últimos, de US$ 250 mil cada,
foram feitos em novembro de 1997. Pouco mais de um ano depois, a Sanud
foi fechada.
As relações entre Teixeira e a Sanud foram investigadas dez anos atrás
por duas CPIs no Congresso brasileiro. O relatório de uma das CPIs nem
foi aprovado graças à influência de Ricardo Teixeira. Mas os
parlamentares recomendaram o indiciamento do dirigente por 13 crimes,
entre eles a lavagem de dinheiro. A CPI não conseguiu descobrir de onde
viria o dinheiro do suposto esquema do chefão da CBF. Agora, com a
investigação do Ministério Público suíço e o trabalho da imprensa, as
coisas começam a ficar mais claras.
O esquema funcionaria assim: a ISL fazia os depósitos à Sanud, que
repassaria esse dinheiro à RLJ, a empresa de Ricardo Teixeira.
Em depoimento à CPI, há dez anos, o dirigente insistiu que não tem
empresas no exterior e que a riqueza dele é compatível com a renda.
Teixeira foi acusado de mentir à CPI. Há indícios de que a Sanud, na
verdade, pertencia a ele. Documentos obtidos pelo Domingo Espetacular mostram que Guilherme Terra Teixeira, irmão de Ricardo Teixeira, assina como representante da Sanud no Brasil.
Em documentos registrados na Junta Comercial do Rio de Janeiro, a Sanud
ainda controla 50% da principal empresa de Ricardo Teixeira.
A imagem do presidente da CBF no exterior está cada vez mais desgastada.
Ainda existem dúvidas sobre sua capacidade de organizar a Copa do
Mundo. Uma tradicional revista inglesa de esportes acaba de publicar uma
reportagem sobre o futebol brasileiro e diz que a organização da
Copa-2014 é caótica. A publicação critica os preparativos para o
Mundial.
Acompanhe o caso e não perca a nova série do Jornal da Record "Cartolas
Jogo Sujo", que estreia nesta segunda-feira (13) e vai até a próxima
sexta-feira (17).
fonte de pesquisa: R7.com
segunda-feira, 13 de junho de 2011
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