domingo, 12 de junho de 2011

Representante da ONU se junta à causa dos bombeiros e chama o Bope de covarde,

 Maria Margarida Pressburger diz que classe dos bombeiros é a mais respeitada do Rio

"Essa é a categoria mais respeitada do Rio, o que o Bope fez foi uma covardia”. A frase é de Maria Margarida Pressburger, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e membro da Comissão de Combate à Tortura da ONU (Organização das Nações Unidas), que também se juntou aos milhares de manifestantes que dão apoio aos bombeiros na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

Apesar de lamentar a forma como os militares foram tratados, Maria diz que é hora de lutar pela anistia.

- Eles não mereciam ser tratados daquela forma, mas agora vamos tentar conseguir a anistia deles. Já estamos lutando no congresso e na Alerj [Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro]. Com a manifestação de hoje, dá para perceber do lado de quem a população está.

Maria falou ainda sobre a solidariedade do povo brasileiro e lembrou que os oito bombeiros presos no Gepe estavam de folga na tragédia na região Serrana, mas se apresentaram como voluntários.

- É maravilhoso ver essa solidariedade. Dos oito bombeiros que estavam presos no Gepe, todos trabalharam na região serrana. Eles estavam de folga no dia 12, quando ocorreu a tragédia, pegaram seus uniformes e foram como voluntários para Teresópolis. Dois bombeiros que foram com eles, acabaram morrendo. Isso mostra como é a corporação. Agora é a vez de eles mostrarem o seu valor. O brasileiro é solidário, ajuda a quem merece e tudo isso é justo.

Bombeiros livres

No sábado (11), os bombeiros presos no quartel de Charitas, em Niterói, região Metropolitana do Rio, emocionaram a população ao deixar a prisão marchando e cantando o hino da corporação.

Segundo o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), os bombeiros querem arrecadar 600 mil assinaturas a favor da anistia, para que os deputados possam criar um projeto de lei que os proteja.

Ainda no sábado, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) fez uma denúncia grave. Segundo ele, não havia qualquer ordem de prisão contra cinco dos 439 bombeiros presos, o que significa que eles foram mantidos em cárcere privado por uma semana.

Entenda o caso

Por volta das 20h da última sexta-feira (3), cerca de 2.000 bombeiros - muitos acompanhados de mulheres e crianças - ocuparam o Quartel Central da corporação, no centro do Rio de Janeiro. O protesto, que havia começado no início da tarde em frente à Alerj (Assembleia Legislativa), durou toda a madrugada.

A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000 e vale-transporte. A causa já motivou dezenas de paralisações e manifestações desde o início de abril. Seis líderes dos movimentos chegaram a ser presos administrativamente em maio, mas foram liberados.

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Veja o momento que o Bope invade o quartel

Diante do clima de tensão no Quartel Central, repetidos apelos feitos pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, para que os manifestantes retornassem às suas casas foram ignorados e bombeiros chegaram a impedir que colegas trabalhassem diante dos chamados de emergência. A PM, então, com auxílio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), invadiu o complexo às 6h de sábado (4).

Houve disparos de arma de fogo, acionamento de bombas de efeito moral e confrontos rapidamente controlados. Algumas mulheres e crianças ficaram levemente feridas e foram atendidas em postos no local.
Os bombeiros foram levados presos para o Batalhão de Choque, que fica nas proximidades. De lá, 439 foram transferidos de ônibus para a Corregedoria da PM, em São Gonçalo, região metropolitana do Estado, onde passaram a madrugada de domingo (5). Durante a manhã, eles foram novamente transferidos, desta vez para o quartel de Charitas, em Niterói, também na região metropolitana.

Visivelmente irritado com o "total descontrole", o governador Sérgio Cabral anunciou no sábado, após reunião de cerca de cinco horas com a cúpula do governo, a exoneração do então comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado. O cargo passou a ser ocupado pelo coronel Sérgio Simões, que era subsecretário de Defesa Civil da capital fluminense.

Cabral disse que não negocia com "vândalos" e "irresponsáveis", alegou que os protestos têm motivação política e se defendeu dizendo que o governo tem planos de recuperação salarial para todos os militares desde 2007.

Pressionado por dezenas de protestos e diante da grande repercussão do caso, na quinta-feira (9), o governador anunciou aumento de 5,58 % nos salários de bombeiros, policiais militares, policiais civis e agentes penitenciários. Para isso será antecipado de dezembro para julho os reajustes que já eram previstos. Ele ainda anunciou a criação da Secretaria de Estado de Defesa Civil e nomeou o comandante Simões como titular da pasta.

Na sexta-feira (10), um pedido de liberdade feito pelos deputados federais Alessandro Molon (PT-RJ), Protógenes Queiroz (PC do B-SP) e Doutor Aluizio (PV-RJ) foi aceito pelo desembargador Claudio Brandão de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Rio. Os 439 bombeiros responderão em liberdade após serem autuados em quatro artigos do Código Penal Militar: motim, dano em viatura, dano às instalações e por impedir e dificultar a saída para socorro e salvamento. A pena para estes crimes varia de dois a dez anos de prisão.

  Fonte de pesquisa: R7.com

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