quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Lula diz que 'foi gostoso' terminar mandato vendo EUA em crise

Medidas adotadas pelo Brasil reduziram impacto na economia do país, afirmou.
Presidente discursou durante evento na Bahia nesta quarta-feira.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou em discurso nesta quarta-feira (29), na Bahia, as conquistas econômicas durante seu governo e criticou os países desenvolvidos pela crise financeira mundial.

“Foi gostoso passar pela Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise, vendo a Europa em crise, vendo o Japão em crise, quando eles sabiam tudo para resolver o problema da crise brasileira, da crise da Bolívia, da crise da Rússia, da crise do México”, disse.

Segundo Lula, as ações adotadas pelo Brasil fizeram que a crise tivesse um impacto menor no país. “Foi importante para falar para eles [os países ricos] que na crise não foi nenhum doutor, nenhum americano, nenhum inglês, foi um torneiro mecânico, pernambucano, presidente do Brasil que soube como lidar com a crise com sua equipe econômica. Foi por isso que a crise demorou mais para chegar aqui e foi embora depressa.”

Em seu discurso, Lula destacou o crescimento da economia e a inclusão social como marcas de seu governo. “É muito confortante, [Jaques] Wagner, saber que nós criamos 15 milhões de empregos em oito anos com carteira assinada. É muito gratificante a gente saber que mais de 36 milhões de brasileiros ascenderam à classe média. É importante saber que mais de 20 milhões de brasileiros saíram da miséria”, afirmou, dirigindo-se ao governador da Bahia.

O presidente afirmou que sua passagem pela Presidência "criou uma coisa nova" para os mais  humildes. “Nós não queremos que pensem mais que pobre não gosta de coisa boa. Não sei quem foi o malandro que inventou que pobre não gosta de coisa boa. Que pobre gosta é de miséria. Não. Pobre gosta é de luxo. Inventaram até que peão não gosta de uísque, que peão só gosta de cachaça. Peão gosta de uísque também.”

De acordo com ele, "algumas pessoas estavam acostumadas com um tipo de governo que ficava com a bunda sentada na cadeira e que não chamava os companheiros para cobrar".

Popularidade

O presidente citou em seu discurso, durante a cerimônia de balanço do programa Minha Casa, Minha Vida, em Salvador, o índice de popularidade recorde atribuído a ele, que foi divulgado nesta quarta pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). De acordo com o instituto Sensus, contratado pela CNT, o presidente deixará o governo com 87% de aprovação.

“Isso demonstra que talvez nós tenhamos sido muito bons, mas demonstra como o Brasil estava abandonado. O Brasil estava sendo governado apenas para um terço da população, e nós resolvemos colocar no prato todo mundo. Essa foi a mudança extraordinária que aconteceu no Brasil”, disse após o evento.

Caso Battisti

Lula afirmou que deve anunciar nesta quinta-feira sua decisão em relação ao ativista italiano Cesare Battisti, preso no Brasil e que tem um pedido de extradição feito pela Itália, onde ele foi condenado por assassinato.

“O presidente da República só se manifesta nos autos. Quando eu receber amanhã os autos e as alegações da Advocacia Geral da União, o presidente orgulhosamente anunciará à nação brasileira qual a decisão sobre o caso Battisti.”

Ele afirmou que não teme repercussão negativa da Itália, onde Battisti foi condenado por assassinato. “Não preciso de represália da Itália. O Brasil é soberano. Quem é que vai ‘represar’ o Brasil, fazer represália? É a maioridade, pô. O Brasil é soberano e toma a decisão que quiser. Quando for a Itália que tiver que tomar a posição, a Itália toma a decisão que quiser. E nós sempre respeitaremos a decisão soberana de outra nação.”

Foi gostoso passar pela Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise, vendo a Europa em crise, vendo o Japão em crise, quando eles sabiam tudo para resolver o problema da crise brasileira, da crise da Bolívia, da crise da Rússia, da crise do México"
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

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