quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

BC solta medida para baixar posição vendida dos bancos no câmbio

Bancos terão compulsório de 60% sobre o que exceder US$ 3 bi vendidos.
Analistas avaliavam que posição vendida dos bancos estimula dólar baixo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Banco Central anunciou nesta quinta-feira (6) uma medida para tentar baixar a posição vendida dos bancos no mercado de câmbio, que alcançou a marca de US$ 16,8 bilhões no mês de dezembro.
Quando a posição dos bancos no mercado de câmbio está vendida é porque houve mais fechamentos de câmbio para vendas, que podem ter várias finalidades, como importações, transferências para o exterior, ou para o turismo, entre outros.

Alguns analistas avaliavam que essa forte posição vendida das instituições financeiras no mercado de câmbio, ou seja, apostando na queda da cotação do dólar, era um dos fatores que pressionavam para baixo a moeda norte-americana.

Olhando essa medida isoladamente, tem um indutor de compra de dólar. Se há uma tendência de compra, deverá haver tendência de valorização [do dólar]"
Aldo Mendes, diretor de Política Monetária do BC
Dólar baixo, por sua vez, gera perda de competitividade das empresas brasileiras, uma vez que as importações ficam mais baratas e as vendas externas mais caras. O dólar barato, porém, ajuda a controlar a inflação - pois passa a haver uma maior competição dos produtos nacionais com os importados.

Medida e resultados

Circular do BC publicada nesta quinta-feira determina que as instituições financeiras deverão recolher, sob a forma de depósito compulsório, 60% sobre o valor da posição vendida de câmbio que exceder US$ 3 bilhões, ou seu patrimônio de referência.

"Esse depósito compulsório [recursos que ficarão detidos no BC] será recolhido em espécie e não será remunerado. As instituições terão 90 dias para se adequar à nova regra", informou a autoridade monetária. A medida produz efeitos a partir de 4 de abril, acrescentou a autoridade monetária.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, disse que a medida gera uma tendência de que os bancos diminuam sua posição vendida no câmbio. "Olhando essa medida isoladamente, tem um indutor de compra de dólar. Se há uma tendência de compra, deverá haver tendência de valorização [do dólar]", declarou ele.

Sem derretimento

Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Manteva, convocou entrevista coletiva para dizer que o governo não deixaria o dólar "derreter". No ano passado, o BC comprou US$ 41,4 bilhões no mercado à vista de câmbio, acima do volume de ingresso de US$ 24,3 bilhões no país registrado em 2010. As compras de dólares efetuadas pelo BC, que também fariam parte da estratégia do governo para tentar evitar uma queda maior do dólar. Poderiam ter estimulado, entretanto, a chamada "posição vendida" dos bancos no mercado de câmbio, de acordo com algumas análises.

Ovo ou galinha

Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, avaliou, em diversos comunicados ao mercado financeiro, que a queda do dólar, que está sendo combatida pelo Ministério da Fazenda, teria origem no próprio governo, mais especificamente nas compras de dólares efetuadas pelo Banco Central.

Segundo sua análise, ao comprar mais dólares do que os ingressos de divisas no país, a instituição estimula que os bancos mantenham posição "vendida" no mercado (acreditando na queda da cotação da moeda norte-americana). Com isso, Nehme avaliou que esse posicionamento do BC seria "fortemente indutor" da apreciação do real - o que ajuda, porém, na sua tarefa de controlar a inflação.

Já Aldo Mendes, do BC, afirmou nesta quinta-feira que a medida tem "natureza prudencial". Ele também respondeu às críticas de que a autoridade monetária estimularia uma posição vendida dos bancos no mercado de câmbio.

"É difícil [dizer]. É um tipo de conclusão que não dá para chegar. É a história do ovo e galinha. É o BC que compra e força a instituição a manter uma posição vendida, ou é a instituição que abre uma posição vendida. Não dá para dizer quem produz essa situação. É difícil dizer qual o sentido da 'causação'", declarou o diretor do BC.

fonte de pesquisa: www.g1.com.br

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